Temer: “TSE errou ao chamar Forças Armadas para eleições”

18/07/2022

Por Revista Formosa

O ex-presidente da República Michel Temer (MDB) afirmou que a campanha presidencial deste ano pode ser pautada por eventuais excessos e certa "ferocidade", mas minimizou a hipótese de ocorrer um golpe de Estado, temor levantado pela oposição pela desconfiança demonstrada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre as urnas eletrônicas.

- Se fala de um golpe, mas eu não acredito que haja condições para isso - afirmou durante entrevista ao programa Canal Livre exibido neste domingo (17), pela Band.

De acordo com o ex-presidente, uma ruptura institucional só acontece se as Forças Armadas "quiserem".

- Tenho absoluta convicção de que as Forças Armadas não entram nisso; portanto, não haverá ruptura - disse.

Na avaliação de Temer, as pessoas e corporações têm saído do seu "quadrado constitucional", o que está gerando "confusão".

- O Tribunal (Superior Eleitoral - TSE) errou quando chamou setores das Forças Armadas para colaborar com as eleições - disse, salientando que esse setor já atua historicamente de várias formas nos pleitos, em especial na logística das urnas, no transporte naa áreas remotas do país.

Temer relembrou o gesto que fez no último 7 de setembro, quando ajudou o presidente Bolsonaro a redigir uma carta ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O emedebista minimizou a urgência daquele momento e classificou a ação como "pequena" e "modestíssima".

Segundo ele, o gesto foi para pacificar o país e promover diálogo entre Executivo e Judiciário.

- Para o meu paladar político e profissional, cumpriu-se a Constituição - declarou.

O ex-presidente defendeu um "grande pacto" pela pacificação do país ainda este ano, após as eleições e antes da posse. Temer se coloca frequentemente como um "conselheiro" pela harmonia entre os Poderes. Ele sugeriu que o presidente eleito convide todos os governadores, presidentes dos Poderes e a oposição para dialogar e buscar sintonia antes do início do próximo governo.

O ex-presidente admitiu que a pré-candidata à Presidência pelo seu partido, Simone Tebet (MDB), tem poucas chances de vencer o pleito de outubro, mas destacou que não considera impossível. Para ele, um dos principais caciques do MDB, "tempo há" para Tebet deslanchar.

- Ela saiu de 1% e está chegando a 4%. Temos dois meses e meio pela frente. Isso já aconteceu, mas não é fácil - afirmou.

Temer afirmou que Tebet "acabou ficando sozinha" após um discurso de que legendas se uniriam em torno de uma terceira via. Ele opinou que, junto à desistência de alguns candidatos próprios dos partidos que compunham as articulações, também houve uma abdicação da própria ideia da terceira via.

- A terceira via esfarelou - concluiu.

O ex-presidente também admitiu que o próprio MDB não conta com uma unidade nacional, mas salientou que, além de a divisão ser antiga, não está circunscrita a seu partido. *AE