Redescoberta da anta destaca importância da APA do Rio Preto para a conservação da Caatinga

Por Revista Formosa
Após mais de uma década considerada extinta na Caatinga, a anta (Tapirus terrestris) voltou a ser registrada no bioma por pesquisadores do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, por meio da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (Incab).
A redescoberta ocorreu durante três expedições realizadas entre 2023 e 2025 no norte de Minas Gerais, sul do Piauí e oeste da Bahia, incluindo áreas da Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Preto.
O trabalho foi baseado em vestígios como pegadas, fezes, relatos e registros por armadilhas fotográficas. O envolvimento das comunidades locais foi decisivo. Moradores como dona Glória e seu Dão, da região de Carinhanha (BA), ajudaram os pesquisadores com relatos de avistamentos recentes e memórias sobre a presença contínua da espécie, mesmo em tempos de intensa caça e desmatamento.
Conhecida como "jardineira das florestas", a anta tem papel ecológico essencial na dispersão de sementes. A ausência da espécie indica perda de biodiversidade, e sua presença mostra a resiliência de áreas que ainda mantêm equilíbrio ambiental.
Apesar da boa notícia, os pesquisadores alertam que a Caatinga continua sendo um dos biomas mais vulneráveis, com menos de 9% de sua área protegida legalmente. A caça ilegal e a destruição de habitat permanecem como ameaças. A próxima fase do estudo será discutir estratégias de conservação com o ICMBio, com base nas informações mapeadas.
Fala de destaque — Iedo Rodrigues Vitor (Inema):
Iedo Rodrigues Vitor, técnico do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado da Bahia (Inema), apoiador da expedição em busca das antas da Caatinga no estado, descreve que a experiência evidenciou, mais uma vez, o papel estratégico das unidades de conservação como aliadas no esforço de conhecer e proteger a biodiversidade.
O apoio se deu no território da Área de Proteção Ambiental (APA) Rio Preto, que abrange mais de 1,1 milhão de hectares e reúne zonas de transição entre o Cerrado e a Caatinga.
"A APA do Rio Preto tem se revelado um território importante pela sua extensão e, sobretudo, por conservar ambientes que ainda abrigam espécies ameaçadas", sintetiza Iedo, sem esquecer que o envolvimento das comunidades locais, a escuta dos saberes regionais e a cooperação entre instituições públicas e pesquisadores foram indispensáveis para esse resultado. "Isso reforça o valor de manter viva a conexão entre gente, território e natureza."
Siga a Revista Formosa no Instagram. Nosso canal no WhatsApp e esteja sempre atualizado! Receba as últimas notícias da Revista Formosa no Google News.
