Professores de Formosa do Rio Preto contestam desconto sindical sem autorização

26/05/2025

Confira o posicionamento da APLB-Sindicato sobre o assunto. 

Imagem/RevistaFormosa
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Por Revista Formosa

Professores da rede municipal de ensino de Formosa do Rio Preto, no oeste da Bahia, estão questionando o desconto da contribuição sindical recolhido no mês de abril. 

O motivo do descontentamento é que muitos docentes, mesmo não sendo filiados à APLB – Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia, tiveram o valor debitado em folha de pagamento sem autorização prévia.

A redação da Revista Formosa recebeu contracheques e ofícios de oposição assinados por professores, que apontam o desconto como indevido e feito à revelia dos servidores. A principal crítica é a falta de transparência e de comunicação por parte da entidade sindical.

A Revista Formosa conversou com o professor Otone Garcês, um dos organizadores do movimento de contestação. Confira os principais trechos da entrevista:

Revista Formosa: Professor Otone, o que exatamente motivou os professores a questionarem o desconto sindical deste ano?

Professor Otone: Houve o desconto do imposto sindical pela APLB. O problema é que o sindicato não deu oportunidade para os servidores não filiados se resguardarem com o ofício de oposição ao desconto. Somente os filiados foram informados. A maioria dos professores não é filiada, e essa maioria sofreu esse desconto que consideramos abusivo.

Revista Formosa: Houve alguma tentativa de comunicação por parte do sindicato sobre esse procedimento?

Professor Otone: Não. O correto seria ter colocado avisos nos murais das escolas, no rádio, ou mesmo em carros de som, informando que havia a possibilidade de se opor ao desconto. Nada disso foi feito. Ficamos totalmente desprotegidos.

Revista Formosa: E o que foi dito pela direção local da APLB?

Professor Otone: Procuramos a presidente Janety Serpa para entender a situação. Ela estava em viagem, mas depois, ao conversarmos, ela foi clara ao dizer que não devolveria os valores descontados, alegando respaldo legal. Consideramos isso uma atitude sem bom senso. O mínimo seria ouvir os professores e negociar a devolução de algo que foi descontado indevidamente.

Revista Formosa: Qual será o próximo passo dos professores?

Professor Otone: Estamos nos organizando para entrar com uma ação coletiva. Já estamos reunindo documentação e contando com a assistência de um advogado. No dia 27 de maio, haverá uma reunião com o setor jurídico da APLB, e pretendemos levar nossa representação legal.

O que diz o Sindicato

A Revista Formosa entrou em contato com a presidente da APLB – Sindicato em Formosa do Rio Preto, Janety Serpa. Confira:

Revista Formosa: Na visão da APLB, qual foi o tema discutido no STF que envolveu a contribuição assistencial anual?

Janety: O STF discutiu a validade da cobrança da contribuição assistencial anual para trabalhadores sindicalizados e não sindicalizados, no julgamento do tema 935. O STF validou a cobrança da contribuição assistencial anual para todos os trabalhadores, sindicalizados ou não, desde que haja previsão em acordo ou convenção coletiva e seja garantido o direito de oposição.

Revista Formosa: Como a APLB Sindicato agiu em relação à decisão do STF em Formosa do Rio Preto?

Janety: A APLB Sindicato convocou uma Assembleia Geral, amplamente divulgada nas redes sociais e nas unidades escolares, para discutir o assunto. A Assembleia ocorreu no dia 24 de março de 2025, às 17h30, no auditório da sede da entidade.

Revista Formosa: O que foi decidido na Assembleia sobre a contribuição assistencial?

Janety: Foi decidido que a contribuição assistencial anual seria descontada e que os trabalhadores que não concordassem deveriam apresentar uma carta de oposição. 

A APLB Sindicato recebeu dezenas de requerimentos de oposição de servidores sindicalizados e não sindicalizados e encaminhou esses documentos ao setor de RH da Prefeitura Municipal. 

A APLB Sindicato reafirma seu compromisso com os profissionais da educação do município e se coloca à disposição para maiores esclarecimentos.

Revista Formosa: Quando o setor jurídico da APLB estará disponível para atendimento?

Janety: O setor jurídico da APLB estará atendendo no dia 27 (terça-feira) de maio, até às 17h.

Diferenças entre contribuição assistencial e imposto sindical

imposto sindical, é facultativo desde a reforma trabalhista de 2017 e só pode ser cobrado com autorização formal do trabalhador.  

Em setembro de 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a contribuição assistencial — usada para financiar atividades dos sindicatos como negociações coletivas — pode ser cobrada de todos os trabalhadores, inclusive os não filiados, desde que esteja prevista em convenção ou acordo coletivo e o trabalhador manifeste concordância expressa.

O valor da contribuição assistencial é definido em assembleias sindicais, sem um valor fixo, e a empresa é responsável por recolher e repassar ao sindicato.

Apesar da decisão do STF não restabelecer o antigo imposto sindical, especialistas alertam que, na prática, a contribuição assistencial pode ter um efeito semelhante se os trabalhadores não se manifestarem contra a cobrança. 

Mesmo quem não pagar a contribuição assistencial continuará a ter direito aos benefícios das negociações coletivas.

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