Odebrecht ganha contrato de R$ 6 bilhões para construir ferrovia em Angola
No passado, o BNDES financiou obras encabeçadas pela empresa no país africano

Por Revista Formosa
Envolvida em um histórico esquema de corrupção nas últimas décadas, que foi exposto ao mundo durante os governos do PT, a Odebrecht conseguiu obter um contrato bilionário em Angola para construir uma ferrovia no país africano. A relação entre a construtora e a nação angolana já tem mais de 30 anos, marcados por polêmicas.
O acordo mais recente entre a empreiteira e o governo angolano tem uma quantia vultosa: 1,168 bilhão de dólares (R$ 5,92 bilhões). O acerto prevê que a Odebrecht e a Bento Pedroso Construções serão responsáveis pela obra da ferrovia Luena-Saurimo do Caminho de Ferro de Benguela.
No despacho sobre a obra, o presidente angolano alegou que o investimento altíssimo se justifica em decorrência da necessidade de melhoria do transporte ferroviário, do volume de mercadorias e do número de passageiros transportados, sublinhando a importância desse eixo ferroviário na ligação entre o litoral e o interior de Angola.
De acordo com a agência de notícias Lusa, o objetivo da obra é fazer com que aquela região do país africano possua um meio de transporte seguro, confiável e competitivo que potencie atividades como a mineração, "altamente dependente dos meios de transporte para suprir as necessidades logísticas".
ODEBRECHT E ANGOLA, RELAÇÃO POLÊMICA
Não é de hoje, porém, que negócios entre a Odebrecht e Angola chamam atenção. Há alguns anos, a empresa chegou a ser criticada por ativistas que a acusavam de manter "relações promíscuas" com o alto escalão do governo angolano, principalmente com o ex-presidente José Eduardo dos Santos.
A tal relação entre a construtora e o alto escalão do país africano apareceu, inclusive, em um dos investimentos mais importantes da empresa em Angola, o projeto Biocom. Na iniciativa, a Odebrecht tinha como sócia uma empresa controlada por autoridades angolanas, a Damer, que posteriormente foi substituída pela Cochan.
Fundada em 2007, meses antes da celebração do negócio, a Damer tinha como um de seus integrantes o então vice-presidente angolano, Manuel Vicente, e os generais Leopoldino Fragoso do Nascimento e Manuel Hélder Vieira Dias Júnior.
Além da existência da relação com membros do governo angolano, a parceria envolvendo a Odebrecht chegou a ser condenada, em 2015, pela Justiça do Trabalho brasileira por promover tráfico de pessoas e manter trabalhadores em condições análogas à escravidão na construção de uma usina de açúcar e etanol em Angola.
Outro investimento polêmico ocorreu quando a Odebrecht associou-se a filhos do então presidente angolano José Eduardo dos Santos. O consórcio Muanga, iniciado em 2005 e formado para prospectar diamantes na província de Lunda-Norte, tinha uma sociedade entre a Odebrecht, a estatal diamantífera Endiama e a Di Oro, essa última formada por filhos de Santos. Posteriormente, a sociedade foi encerrada.

