Novos golpes na internet miram os bolsos dos consumidores

19/09/2022

Vítimas caem nas armadilhas acreditando em falsas promessas oferecidas principalmente pelas redes sociais

Por Revista Formosa

Quando se trata da criação de golpe na internet a habilidade dos criminosos parece não ter limite. Somente na última semana, ganharam as manchetes de jornais ao menos três "novas" modalidades de falcatrua, uma delas envolvendo até mesmo a troca de figurinhas do álbum da Copa do Mundo.

Como na maioria dos casos, as vítimas caem nas armadilhas acreditando em falsas oportunidades oferecidas principalmente via comentários em redes sociais, WhatsApp, e-mail, ou telefone. Os criminosos montam campanhas com supostas promoções atraindo a atenção dos consumidores.

Outros registros foram os chamados "golpe da mão fantasma" e o "contato quente Serasa". O primeiro caso, e mais comum, ocorre quando os meliantes já conseguiram fazer com que o usuário clicasse em um link e instalasse um software malicioso permitindo o acesso remoto ao celular - e consequentemente a dados sensíveis, como senhas.

Quanto à arapuca envolvendo o nome da Serasa, a questão é ainda mais delicada, já que envolve encautos endividados, com o bandido contando que "conhece funcionário capaz de eliminar pendências e limpar o nome", até mesmo melhorando o escore (relacionamento) o indivíduo com a instituição credora.

Estrategista na área de Conteúdo da Serasa, Clara Aguiar, destaca que, para enganar os consumidores, os criminosos usam páginas na internet que nada têm a ver com a área de finanças, como bancos, lojas ou mercados. E que a tática utilizada costuma ser através da publicação de comentários em perfis abertos na rede.

Segundo ela, depois de convencer as vítimas, os meliantes enviam boletos de cobrança pelo serviço que fingem ter realizado. Levantamento da própria Serasa aponta que, entre maio e junho deste ano, houve um aumento de 190% nas menções sobre o "contato quente na Serasa" na internet.

Desde setembro de 2020, a empresa conseguiu que as plataformas de redes sociais retirassem do ar 1.585 páginas voltadas para a prática de delitos usando o nome da Serasa. Somente de janeiro a julho deste ano foram eliminadas 291 páginas na web criadas por golpistas.

Clara conta que, "em contato permanente com administradores da Meta (Facebook e Instagram), a Serasa tenta desestimular a criação de páginas fakes, "mas como os estelionatários costumam ser ágeis na produção de fraudes a empresa recomenda atenção redobrada do público".

Ainda segundo Clara, eventuais pendências de débito junto à Serasa só podem ser retiradas após o pagamento da dívida ao credor, e que não há cobrança alguma de taxa para isso. Já o aumento da pontuação do chamado Serasa Score, diz, depende de uma metodologia técnica que analisa o histórico e o atual comportamento financeiro do usuário. Não há possibilidade de a pontuação ser manipulada.

"Contato quente"

Outro método usado pelos fraudadores do "contato quente" é vender o Manual do Score, documento que a Serasa disponibiliza gratuitamente em seu site para todos os usuários interessados em consultá-lo, afirma.

"Serviços atraentes, como reduzir taxas de financiamento, limpar nome em serviços de proteção ao crédito e outras vantagens, devem ser ignorados ou investigados. Se há interesse, pesquise o site da empresa, o CNPJ, procure indícios de que essa empresa realmente existe, é séria e confiável, só assim atenda ligação ou responda mensagens (de WhatsApp ou e-mail), pois essas são duas das principais portas de acesso dos fraudadores", alerta o consultor financeiro Antônio Carvalho.

O economista ressalta que os golpes, ou as fraudes dos "espertos" sempre estiveram presente na sociedade, e que as tecnologias de comunicação e informação, "ao mesmo tempo que tornaram as relações entre as pessoas e as transações diversas, incluindo as financeiras, também abriram mais portas para as fraudes, aumentando o alcance dos estelionatários".

A crise econômica e as dificuldades financeiras são outro ponto que contribuiu para o aumento das fraudes, frisa. "Eles atuam com base na fragilidade das pessoas, assim, supostas vantagens sempre atraem os menos informados e atentos".

Carvalho pontua ainda que "órgãos como Receita Federal, bancos, seguradoras e financeiras nunca pedem senha". "E sorteios milagrosos, afirmando que você receberá uma bolada se depositar uma pequena quantia, mesmo já sendo um golpe antigo, ainda tem feito vítimas, fique atento".

Números da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mostram que golpes de engenharia social cresceram 165% no primeiro semestre de 2021 em comparação com o semestre anterior (segundo de 2020). Em 2021, foram registradas mais de 4 milhões de abordagens criminosas no país.

Alvos principais

Os principais alvos são instituições bancárias e o setor de cartões. Por meio da assessoria de imprensa, o diretor do Comitê de Prevenção a Fraudes da Febraban, Adriano Volpini, lembra que as tentativas de golpe registradas através da internet são basicamente duas: pedidos de transações e "phishing".

No primeiro caso, o falsário finger ser alguém do relacionamento pessoal ou profissional e, sob alegação de alguma dificuldade em acessar o aplicativo do banco, pede para que a vítima realize transferências ou pagamentos, através de Pix, TED ou DOC. "Normalmente, utilizam um número de telefone novo e colocam a foto do usuário do WhatsApp através de imagens disponíveis na internet".

Através do "phishing", ou técnicas de engenharia social, os criminosos enganam o indivíduo para que ele forneça informações confidenciais, como senhas e números de cartões.

"Sempre desconfie quando receber um pedido de dinheiro de parentes ou de pessoas conhecidas no aplicativo de mensagem. Antes de fazer qualquer coisa, confirme o pedido através de uma ligação para o número de telefone que você tem em sua agenda de telefones, nunca para o número que está lhe contatando", alerta.

Para tentar diminuir os prejuízos com golpes e fraudes, alguns bancos estão adotando novas estratégias de comunicação com os clientes, com foco em educação, para ensiná-los a identificar e escapar de abordagens suspeitas. O Santander criou em sua página na internet uma seção exclusivamente dedicada à segurança e proteção da "vida digital".

Os conteúdos vão desde um curso gratuito intitulado "Cyber Hero", ou herói cibernético, passando por vídeo com dicas do tenista espanhol Rafael Nadal sobre "como manter dados online mais seguros", até toda uma "fraudoteca" disponível.     

Clara conta que, em um ano, a Serasa tirou do ar 1.585 páginas delituosas |  Foto: Serasa / Divulgação
Clara conta que, em um ano, a Serasa tirou do ar 1.585 páginas delituosas | Foto: Serasa / Divulgação