‘Não vamos nos intimidar’, diz Moraes após Bolsonaro falar em transparência nas eleições

08/05/2022
Ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal)
Ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal)

Por Revista Formosa

Após a fala do Presidente Jair Bolsonaro acerca da transparência nas eleições, o ministro Alexandre de Moraes, que vai presidir o Tribunal Superior Eleitoral no pleito de 2022, afirmou que a Justiça Eleitoral está preparada para enfrentar ataques à urna eletrônica e à própria instituição. "Não vamos nos intimidar, vamos trabalhar com independência, autonomia e rigor", afirmou Alexandre nesta sexta-feira, 6, no 48° Encontro do Colégio de Corregedores Eleitorais, que ocorreu no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo.

Transparência nas eleições não é ataque!

Na noite anterior à declaração de Alexandre, Bolsonaro afirmou que seu partido, o PL, iria contratar uma empresa para fazer auditoria das urnas eletrônicas antes, durante e depois  das eleições deste ano e deixar o Brasil bem informado. O chefe do Executivo também citou os questionamentos feitos pelas Forças Armadas à Corte Eleitoral que provam as vulnerabilidades das urnas e que precisam ser sanadas. Em resposta, o TSE ressaltou que os partidos políticos estão autorizados pela lei a fazer suas próprias auditorias das eleições e vai divulgar os documentos que tratam das falhas graves das urnas.

Ainda durante o encontro de corregedores eleitoral, Alexandre citou durante seu discurso decisões judiciais sobre 'abusos' cometidos nas grandes plataformas de mídias sociais. As informações foram divulgadas pelo TRE-SP.

O ministro é relator de inquéritos inconstitucionais como o das milícias digitais e o das fake news, que tem um braço dedicado à apuração sobre alegações sobre fraudes nas urnas eletrônicas, atingindo inclusive o chefe do Executivo. O magistrado também foi responsável pela decisão ditatorial que mandou suspender o Telegram no Brasil, em razão de descumprimento de ordens judiciais - medida que acabou revogada antes de entrar em vigor. Deixando o Brasil perplexo com decisões sem nenhuma base jurídica.

O vice-presidente do TSE participou do evento ao lado do corregedor geral eleitoral Mauro Campbell, que foi um dos homenageados com a entrega da Medalha de Honra ao Mérito Eleitoral "Guerreira Maria Felipa de Oliveira", que reconhece contribuições na área.

Em seu discurso, Campbell deu ênfase aos programas de combate à desinformação implementados pela corte eleitoral, além das parcerias fechadas pelo Tribunal Federal com plataformas de redes sociais. "Nós todos queremos paz e segurança para as eleições", afirmou. 

O corregedor do TSE é o responsável por conduzir a investigação sigilosa aberta na corte eleitoral, em agosto de 2021, para apurar as críticas contundentes de Bolsonaro ao sistema eletrônico de votação que vem apresentando grandes falhas e pode mais uma vez comprometer as eleições. Em março, Campbell pediu a Alexandre o compartilhamento de provas colhidas na investigação sobre o vazamento, pelo chefe do Executivo, de inquérito da Polícia Federal sobre um ataque ao sistema do TSE em 2018 que um hacker invadiu e ficou meses no sistema e só descobriram porque o mesmo hacker revelou que havia invadido. As informações contidas em tais documentos foram divulgados pelo deputado federal e pelo presidente para mostrar que pode sim ter possibilidade de fraude no pleito. E é necessário acatar as sugestões das Forças Armadas para evitar fraudes.

Ao lado dos integrantes do TSE, o vice-presidente e corregedor regional eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, Silmar Fernandes, citou o 'cenário desafiador' das eleições municipais de 2020, período marcado pela pandemia, sem vacinação. "Digo que somos sobreviventes. Nós nos adaptamos e melhoramos, inclusive por meio da prestação do serviço Título Net. Cada novo pleito, novos desafios", ponderou. Estadão Conteúdo; Política Livre; Revista Formosa