Mundial de clubes: Flamengo enfrenta Al Hilal atento às zebras que rondam os brasileiros
Nas últimas oito edições que contaram com brasileiros, em três os brazucas acabaram derrotados na semi

Por Revista Formosa
No Brasil, quando um time vence a Libertadores, no dia seguinte todos os olhos estão voltados para o Mundial de Clubes. O assunto, então, passa a ser se o clube brasileiro será capaz de superar o vencedor da Liga dos Campeões. Antes de encarar um europeu na final, porém, é preciso vencer a semifinal da competição, na qual algumas equipes já caíram para adversários de menor orçamento e expressão. Sem nenhuma vontade de entrar na história pelo lado negativo, é em clima de respeito que o Flamengo encara hoje o Al Hilal, da Arábia Saudita, no Estádio Ibn Batouta, em Tânger, no Marrocos, valendo vaga na final do Interclubes.
O duelo de hoje terá um sabor especial para a equipe do Oriente Médio. Em 2019, os dois clubes mediram forças pela mesma fase do campeonato. Na época, os cariocas venceram os árabes por 3 a 1, com gols de Arrascaeta, Bruno Henrique e um gol contra do rival. No confronto final, o Mengão enfrentou o Liverpool e acabou derrotado por 1 a 0. O duelo que terminou com felicidade para o Rubro-Negro na semifinal, no entanto, trouxe lições. Apesar de ter marcado três gols, o confronto com o oponente de logo mais passou longe de ser fácil.
É comum que os campeões da Libertadores já sejam considerados finalistas pela torcida e por grande parte da opinião pública. A realidade, todavia, é diferente: nas últimas oito edições de Mundiais que contaram com brasileiros, em três os brazucas acabaram derrotados e tiveram que disputar o terceiro lugar. O Internacional, em 2010, foi estreante no lado vexatório da história como o primeiro sul-americano a ser eliminado nas semifinais do Mundial, desde que o campeonato passou a ser organizado pela Fifa, no começo da década. A derrota colorada também foi a primeira de um time brasileiro na história.
Nos anos seguintes, outros clubes seguiram o mesmo caminho. O Atlético-MG, em 2013, perdeu para o Raja Casablanca, do Marrocos, na semi. Já o Palmeiras, em 2021, foi derrotado pelo Tigres, do México. Na disputa pelo terceiro lugar, o Galo venceu o por 3 a 2 o Guangzhou Evergrande, da China, enquanto o Palmeiras empatou com o Al Ahly, do Egito, e perdeu na disputa de pênaltis. Desde 2000, são 17 confrontos entre brasileiros e rivais não europeus - sem contar Corinthians x Vasco, a final em 2000 - com 13 vitórias dos brasucas, um empate e três derrotas. O retrospecto, no entanto, aponta que todos os confrontos tendem a ser muito duros: nunca um clube brasileiro venceu um adversário de fora da Europa por mais de dois gols de diferença no Mundial, desde que o mesmo esteve sob a tutela e produção da Fifa.
Atentos
Tendo em vista todo o histórico, o Flamengo quer entrar nos livros de outra forma. Busca o bicampeonato e, para isso, conta com um trunfo: Vítor Pereira, comandante do clube da Gávea, treinou o Al Ahli, da Arábia Saudita, na temporada 2013/2014. Para ele, a experiência joga a seu favor, mas descarta qualquer moleza contra o rival. "Conheço bem o futebol árabe. O pior erro que podemos cometer é achar que teremos alguma facilidade. Não acho que o aspecto físico será decisivo. Conheço bem o time deles, os aspectos individuais e coletivos. Têm qualidade", destacou.
O concorrente de logo mais conta com velhos conhecidos do torcedor carioca. Michael, ponta, e Cuéllar, meio-campista, ambos ex-Flamengo, são caras de destaque do time saudita. À beira do campo, Ramón Diaz, técnico do Al Hilal, é outro que sentirá familiaridade e até mesmo uma pitada de rivalidade a mais no jogo. Isso porque foi treinador do Botafogo, mas sequer conseguiu dirigir a equipe antes de ser demitido, por estar com Covid à época.
A campanha que bateu na trave em 2019 carrega diversos remanescentes no elenco Rubro-Negro. Liderado novamente por um português, depois de Jorge Jesus na última edição, não querem ficar no 'quase' dessa vez. Na coletiva pré-jogo, Vitor Pereira ressaltou o espírito de superação do elenco: "O que conta, mais do que o físico, é o anímico. É a vontade que temos de levar esse título para casa. É com essa superação que, apesar do pouco tempo de trabalho, estou à espera de ver os meus jogadores", finalizou o técnico, que chegou há um mês. Após perder a Supercopa para o Palmeiras, os comandados de Vítor querem voltar para o Rio de Janeiro com o nome de cada um gravado pelo mundo.
FICHA TÉCNICA:
Flamengo x Al Hilal - Semifinal do Mundial de clubes
Local: Estádio Ibn Batouta, em Tânger, Marrocos, às 16h (da Bahia)
Árbitro: Istvan Kovacs (Romênia)
Assistentes: Vasile Florin Marinescu e Mihai Ovidiu Artene (ambos da Romênia)
Flamengo - Santos; Matheuzinho, David Luiz, Léo Pereira e Filipe Luís; Thiago Maia, Gerson e Everton Ribeiro; Arrascaeta, Gabigol e Pedro. Técnico: Vítor Pereira
Al Hilal - Abdullah Al-Mayouf; Al-Bulayhi, Nasser Al-Dawsari, Jang e Abdulhamid; Cuéllar, Al-Juwayr e Salem Al-Dawsari; Michael, Ighalo e Marega. Técnico: Ramón Díaz
