MPT firma acordo de R$ 40 milhões com BYD e empreiteiras por trabalho análogo à escravidão em Camaçari

27/12/2025
FotoS: Reprodução / MPT   - Imagem/byd
FotoS: Reprodução / MPT - Imagem/byd

Por Revista Formosa

O Ministério Público do Trabalho (MPT) celebrou um acordo judicial no valor de R$ 40 milhões com a montadora BYD Auto do Brasil Ltda. e as empresas China Jinjiang Construction Brazil Ltda. e Tecmonta Equipamentos Inteligentes Brasil Co. Ltda., no âmbito de uma ação civil pública proposta em maio deste ano. 

A medida está relacionada a denúncias de trabalho análogo à escravidão identificadas durante a construção da fábrica da BYD em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador.

Do total acordado, R$ 20 milhões correspondem a indenizações por danos morais individuais, que serão destinados diretamente aos trabalhadores resgatados. 

Os outros R$ 20 milhões referem-se a danos morais coletivos e deverão ser depositados em conta judicial, com posterior destinação a fundos ou instituições indicadas pelo MPT. 

O acordo ainda aguarda homologação da Justiça do Trabalho.

As investigações apontaram que 224 trabalhadores chineses foram submetidos a condições análogas à escravidão e vítimas de tráfico internacional de pessoas em dezembro de 2024. 

Eles atuavam na obra da planta industrial da BYD e haviam sido contratados pelas empreiteiras Jinjiang e Tecmonta, responsáveis pelos serviços prestados à montadora.

Além do pagamento das indenizações, o acordo estabelece uma série de obrigações relacionadas ao cumprimento da legislação trabalhista e à proteção dos direitos dos empregados, válidas para todas as atividades das empresas envolvidas. 

Em caso de descumprimento, está prevista multa de R$ 20 mil por trabalhador prejudicado, a cada irregularidade constatada.

Entre os trabalhadores resgatados, 61 já haviam retornado à China sem receber as verbas rescisórias devidas. Pelo acordo, as empresas se comprometeram a quitar essas pendências, incluindo FGTS com multa de 40%, além das indenizações por danos morais individuais.

Investigações

A apuração teve início após denúncia anônima recebida pelo MPT no fim de 2024. Em 23 de dezembro, uma força-tarefa formada por diversos órgãos federais resgatou 163 trabalhadores ligados à Jinjiang na obra da fábrica. 

Posteriormente, outros 61 trabalhadores da Tecmonta também foram encontrados em situação semelhante.

Segundo o MPT, os operários viviam em alojamentos precários, sem condições adequadas de higiene e conforto, sob vigilância armada e com retenção de documentos. 

As investigações também identificaram jornadas exaustivas, ausência de descanso semanal, contratos com cláusulas ilegais, retenção de até 70% dos salários e cobrança de cauções, práticas que caracterizam trabalho forçado.

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