Irã: Quem é o rapper condenado à morte por insultar o Islã

09/06/2025

Amir Tataloo é acusado de blasfêmia por suas letras 

Tataloo (ao centro) na cena do clipe da música Jahanam Foto: Reprodução/YouTube Amir Tataloo
Tataloo (ao centro) na cena do clipe da música Jahanam Foto: Reprodução/YouTube Amir Tataloo

Por Revista Formosa

Amir Hossein Maghsoudloo, mais conhecido como Tataloo, um dos nomes mais controversos da música iraniana, foi condenado à pena de morte no Irã. A sentença foi baseada na acusação de "insulto às santidades islâmicas", segundo a agência Associated Press.

Preso desde o fim de 2023, o músico havia recebido uma condenação inicial de cinco anos de prisão por blasfêmia. No entanto, a Suprema Corte iraniana anulou essa decisão e enviou o caso para reavaliação por outro tribunal, que, em janeiro de 2025, determinou a pena capital. 

No mês passado, o Supremo confirmou a decisão, afirmando que a execução está autorizada.

Além dessa condenação, Tataloo também responde a outras acusações, como promoção da prostituição e "corrupção moral".

Com uma carreira marcada pela provocação ao regime teocrático, Tataloo conquistou uma legião de fãs entre os jovens iranianos, especialmente após os protestos de 2022, desencadeados pela morte de Mahsa Amini, a jovem de 22 anos presa por usar o hijab de forma considerada inadequada. 

Desde então, as músicas do rapper passaram a abordar temas políticos com mais intensidade, desafiando diretamente as autoridades.

O artista também apareceu em videoclipes críticos ao governo, o que contribuiu para sua situação jurídica atual.

TRAJETÓRIA E POLÊMICAS
Tataloo começou sua carreira em 2003, no cenário underground do Irã, misturando elementos de rap, R&B e rock com letras em persa. Apesar de nunca ter feito shows autorizados no país, conquistou popularidade a partir de 2011, com o lançamento de seu primeiro álbum.

Em 2015, surpreendeu ao lançar um videoclipe em apoio à Guarda Revolucionária e ao polêmico programa nuclear do país. A atitude foi interpretada como uma tentativa de se aproximar do governo, embora ele nunca tenha explicado publicamente o motivo.

Dois anos mais tarde, declarou apoio ao candidato conservador Ebrahim Raisi na eleição presidencial de 2017, que acabou vencida por Hassan Rouhani. Raisi, no entanto, venceu o pleito seguinte em 2021 e morreu em um acidente de helicóptero em 2024.

Com dificuldades legais crescentes, Tataloo se mudou para a Turquia em 2018, país que virou refúgio de muitos artistas iranianos em busca de liberdade criativa. Ele manteve sua relevância por meio das redes sociais, com transmissões ao vivo e um visual marcante, repleto de tatuagens pelo corpo e rosto.

Contudo, em 2020, teve sua conta no Instagram encerrada após convidar menores de idade a se juntarem a ele para relações sexuais – ele próprio admitiu ter usado drogas em algumas ocasiões.

Segundo a analista Holly Dagres, do Instituto de Política do Oriente Próximo, apesar da longa lista de polêmicas, Tataloo mantém uma base de fãs extremamente leal, conhecidos como "Tatalities". 

Eles já chegaram a organizar campanhas pedindo a libertação do artista em momentos anteriores de prisão.

A situação se agravou no fim de 2023, quando Tataloo foi deportado da Turquia por estar com o passaporte vencido. Ao desembarcar no Irã, foi imediatamente detido. Desde então aguarda o desfecho de seu caso, agora com a execução aprovada pela Justiça.

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