Governo Federal sanciona lei que proíbe linguagem neutra na administração pública

Por Revista Formosa
O Governo Federal sancionou, nesta segunda-feira (17), a Política Nacional de Linguagem Simples, que passa a proibir o uso de formas de linguagem neutra — como "todes", "elu" e "amigues" — na comunicação oficial de órgãos públicos.
A norma vale para as três esferas de governo (federal, estadual e municipal) e para os Três Poderes.
A linguagem neutra busca substituir marcas tradicionais de gênero na língua portuguesa com o objetivo de incluir pessoas que não se identificam com o masculino ou o feminino.
Entre as alternativas mais comuns estão expressões como "todes", "todxs" ou "amigues", além do uso de pronomes como "elu".
O que determina a nova lei
A lei sancionada estabelece que a administração pública deve utilizar exclusivamente a norma culta da língua portuguesa, conforme padrões definidos pelo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) e pelo Acordo Ortográfico.
Com isso, novas flexões de gênero e número — categoria que abrange as formas neutras — ficam proibidas.
O governo argumenta que a medida busca garantir clareza e objetividade nas comunicações oficiais, evitando possíveis dificuldades de compreensão por parte da população.
O texto define "linguagem simples" como técnicas que assegurem que o cidadão consiga encontrar, entender e usar as informações apresentadas.
Como foi a tramitação no Congresso
A Política Nacional de Linguagem Simples foi aprovada pelo Congresso no fim de outubro. A proposta original, apresentada pela deputada Erika Kokay (PT-DF) e pelo então deputado Pedro Augusto Bezerra, em 2019, não tratava da linguagem neutra.
A proibição foi incluída posteriormente por meio de uma emenda do deputado Junio Amaral (PL-MG).
Segundo Amaral, a linguagem neutra não se enquadra no princípio da comunicação clara.
Ele argumentou que formas alternativas de flexão "não são reconhecidas pela norma culta e nem fazem parte do uso cotidiano da população".
Abrangência da norma
A proibição se estende a toda a administração pública direta e indireta da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Isso inclui ministérios, autarquias, câmaras legislativas, tribunais, estatais e demais entidades públicas.
O texto publicado no Diário Oficial da União traz assinatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dos ministros Esther Dweck (Gestão e Inovação), Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União).
Regras para comunicação pública
A nova política reforça diretrizes para que a comunicação estatal seja mais acessível. Entre os objetivos estão:
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facilitar o acesso à informação de maneira clara e transparente;
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ampliar a participação popular e o controle social;
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tornar conteúdos oficiais compreensíveis para pessoas com deficiência;
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garantir, sempre que possível, versões em línguas indígenas quando o público-alvo for dessas comunidades.
Trecho vetado
O presidente Lula vetou um dispositivo que obrigava os órgãos públicos a designar um servidor específico para revisar e adaptar conteúdos à linguagem simples.
Segundo a justificativa do governo, a medida invadiria competência exclusiva do Executivo para tratar da organização interna da administração.
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