Fusão da Gol e Avianca: veja como vai ficar

14/05/2022

Por Revista Formosa

A decisão dos acionistas das companhias aéreas Gol e Avianca de criar o Grupo Abra para unificar o controle das duas empresas deixou uma série de perguntas ainda sem resposta, mas especialistas dizem que a união deve ser benéfica para as empresas, que ganham tamanho e poder de barganha na negociação de contratos de manutenção e leasing, por exemplo.

Para o consumidor final, o negócio pode baratear o preço de alguns trechos, mas no longo prazo a tendência pode ser de alta nas passagens. 

Entenda um pouco mais sobre o negócio

Gol e Avianca serão uma única empresa?

Não, ao menos por enquanto. Segundo o anúncio feito por Avianca e Gol na quarta-feira, o Grupo Abra passará a controlar as duas empresas, mas os negócios continuarão separados e os atuais executivos das linhas aéreas seguem no comando das companhias.

O Abra será uma holding, uma sociedade sediada no País de Gales, no Reino Unido, e que terá como sócios a família Constantino, sócia majoritária da Gol, e os controladores da Avianca, entre os quais estão Roberto Kriete, a aérea americana United e os fundos Kingsland e Elliott, presidido por Paul Singer e que era o maior credor da Avianca Brasil.

A Avianca que se une à Gol é a Avianca Brasil que faliu?

Não, são empresas distintas, embora ambas já tenham tido como acionistas majoritários e controladores os irmãos Germán e José Efromovich. A Avianca Brasil, cujos donos eram os Efromovich, foi à ruína em 2019 por não pagar o leasing de aeronaves e ter seus aviões tomados pelos arrendadores na Justiça.

A empresa teve a falência oficialmente decretada em jullho de 2020 e tinha um passivo superior a R$ 2 bilhões.

A Avianca que participa da fusão é a empresa aérea de origem colombiana, que tem 102 anos de existência e que atualmente tem sede no Reino Unido. A aérea tem historicamente mais da metade do mercado aéreo colombiano e também faz voos domésticos no Equador.

Também é a uma das companhias aéreas mais importantes da América Central, com operações relevantes em El Salvador.

Os irmãos Efromovich deixaram o controle da Avianca colombiana em maio de 2019, quando deixaram de pagar um empréstimo de US$ 456 milhões contraído com a aérea americana United e cuja garantia era o direito de voto das ações ordinárias da Avianca.

À época, a United executou a dívida e tirou o poder dos Efromovich na empresa. A United, então, passou o direito de voto dos papéis ao Kingsland. A Avianca colombiana também passou por dificuldades, mas já na pandemia.

A empresa pediu recuperação judicial nos Estados Unidos, em maio de 2020. Após sair do processo de insolvência, no fim de 2021, a aérea fechou o capital e mudou a estrutura societária.

Não está clara, hoje, se e qual é a participação atual dos Efromovich na empresa, mas se ainda existir é minoritária, visto que os empresários não aportaram recursos no financiamento que a Avianca recebeu para se financiar e sair da recuperação judicial. O empréstimo dá aos credores, entre os quais estão os controladores atuais da empresa, prioridade no recebimento dos créditos e possibilidade de converter os créditos em ações.

Quem tem o programa de fidelidade da Gol vai poder resgatar passagens da Avianca?

Sim, isso inclusive já ocorre desde o acordo de compartilhamento de rotas (codeshare) entre as duas empresas, ampliado no fim de 2020. Os passageiros da Gol, já podiam, por exemplo, decolar em voo da empresa brasileira e fazer conexões em voos da Avianca com um mesmo bilhete. Além disso, desde 2020 os membros do Smiles (programa de fidelidade da Gol) e Lifemiles (da Avianca) pode acumular e resgatar pontos em voos de ambas as empresas.

O cliente da Gol terá mais rotas para voar?

Sim. Segundo André Castellini, sócio da consultoria Bain&Company, especializada em aviação, as operações de Gol e Avianca hoje têm baixíssima sobreposição e são complementares.

Embora a criação da holding que controle as duas empresas não signifique, ao menos por enquanto, a fusão operacional das duas marcas, cria possibilidades de combinação de rotas para os passageiros.

A Avianca tem 130 rotas atualmente e planeja chegar às 200 até 2023 e tem voos , a partir da Colômbia, a diversas cidades dos Estados Unidos, como Fort Lauderdale, Miami, Nova York, Orlando e Washington. Castellini afirma que essas rotas poderão aumentar a conectividade para os passageiros da Gol, por exemplo.