Ecos do Acordeon: Sanfoneiros que Fizeram História em Formosa do Rio Preto — Parte 1

05/11/2025

Por Revista Formosa

Por Mariano França, com colaboração da editoria da Revista Formosa

A sanfona é mais que um instrumento musical em Formosa do Rio Preto, oeste da Bahia: é memória, identidade e celebração.

Nos antigos bailes, festejos religiosos, aniversários e vaquejadas, ela reunia famílias, embalava romances, fortalecia tradições e dava ritmo aos costumes sertanejos.

Esta primeira parte da reportagem reúne os nomes que deixaram suas marcas ao longo das décadas, contribuindo para formar o alicerce cultural desta história sonora.

A seguir, um registro organizado em ordem crescente, conforme a época em que esses músicos iniciaram suas atuações.

Francisco da Silva Nogueira — "Chiquinho" (1916–1974)

Figura pioneira entre os sanfoneiros de Formosa, Chiquinho atuou com destaque nas décadas de 1940 e 1950.

Além de músico talentoso, era habilidoso consertador de acordeons, chegando praticamente a fabricar o instrumento. Tocou em diversas localidades do município e também em cidades vizinhas.

Foi morador da Fazenda Periperi e da Rua da Travessa; sua contribuição cultural foi eternizada ao receber homenagem que batiza a escola da localidade do Periperi.

Sanfoneiro Brígido 

O sanfoneiro Brígido, nascido em 22 de outubro de 1924 e falecido em 31 de dezembro de 1982, foi uma das figuras marcantes da cultura popular de Formosa do Rio Preto e região. 

Reconhecido por seu talento e carisma, encantou gerações com o som autêntico de sua sanfona, sendo presença constante em festas, feiras e celebrações tradicionais.

Durante as décadas de 1950, 1960 e 1970, Brígido percorreu diversas localidades levando alegria e preservando a essência do forró raiz. 

Hortêncio Alves da Conceição (1934–1992)

Lavrador e morador da comunidade Três Barras, marcou presença nos festejos religiosos, casamentos e aniversários da região.

Atuou entre os anos 1950 e 1970, ajudando a manter viva a tradição da música sanfoneira no interior formosense.

Izidoro Durica — "Abobreiro"

Sanfoneiro de "pé de bode", atuou principalmente nos anos 1960. Morador da zona rural, tocou em Prazeres, São Pedro, São Marcelo e todo o Gerais.

Pai de Dino de Zidoro e Davinha, foi um dos nomes marcantes da época nos festejos sertanejos.

Sanfoneiro Venâncio

Conhecido como Venâncio Tocador, fez história entre as décadas de 1960 e 1990.

Morou em Formosa do Rio Preto e deixou descendentes que permanecem no município.

Participou de inúmeros bailes e festas na região, consolidando seu nome na memória local.

Alcindo da Silva Nogueira

Reconhecido em Formosa e em toda a região, Alcindo liderou uma linhagem musical.

Ao lado dos filhos Altino e Joaquim, animou incontáveis bailes, fortalecendo a tradição familiar dos tocadores.

Joaquim da Silva Nogueira

Filho de Alcindo, tocou com o pai, irmão e filhos. Mantém residência no bairro Santa Helena, em Formosa do Rio Preto.

Sua trajetória reforça a importância da transmissão familiar do ofício sanfoneiro.

Altino da Silva Nogueira

Também filho de Alcindo, tocou em festas pela cidade e região, acompanhando o pai e o irmão.

Mora atualmente no bairro Santa Helena com a esposa, Dona Florzinha, e seus filhos.

João de Matos — "João de Visita" (1933–1988)

Atuante em casamentos, aniversários e festejos religiosos, foi pai de 12 filhos.

Marcou a cena cultural durante as décadas de 1970 e 1980.

Roseno Dias

Considerado por muitos como o maior sanfoneiro de todos os tempos na região, Roseno teve atuação marcante entre as décadas de 1960 a 1980.

O colunista da Revista Formosa, Mariano França, destaca Roseno Dias como um dos maiores sanfoneiros de que se tem notícia, enquanto o sanfoneiro Olavo o reconhece como o melhor de todos os tempos.

Foi presença frequente em casamentos e festejos no Ouro, Riachão, Mato Grosso, São Marcelo, João Ribeiro, Altamira e Gerais do Rio Preto.

É pai de Pedro de Roseno e avô de Nito do Acordeon; tio de Didi Dias — também sanfoneiro.

Seu legado permanece vivo na memória popular.

Pedro de Roseno

Reconhecido como um dos sanfoneiros mais completos, tocou ao lado de Zeca Preto, Nito do Acordeon e dos cunhados João Pequeno e Zé de Gregório.

Segundo Zeca de Justino, Pedro de Roseno é o sanfoneiro mais completo e tecnicamente habilidoso que ele já presenciou em atuação.

Com composições de repertório tradicional, animou festas emblemáticas, incluindo os festejos de Nossa Senhora da Conceição em São Marcelo e São Pedro na Vereda do Gado.

Canário e Zé de Canário

Zé Canário filho de Canário
Zé Canário filho de Canário

Pai e filho formaram dupla respeitada nas décadas de 1970 e 1980.

Se apresentaram em Formosa, Arroz, Mato Grosso, São Marcelo, Gerais e outras localidades.

Seu Canário já é falecido; Zé de Canário reside na Vila Projeto.

Olavo Francisco da Rocha — "Olavo Sanfoneiro"

Pai de nove filhos, atuou em Formosa e no Sul do Piauí. Grande presença local, vive atualmente na localidade do Arroz.

Sua atuação foi relevante a partir dos anos 1970.

Ezequiel Coleta — "Zequiele"

Natural da localidade de Prazeres, tocava em casamentos e festas religiosas por todo o Gerais, Galhão, Mateiros/TO, Dianópolis/TO, São Marcelo e Arroz, zona rural de Formosa.

Atuou nas décadas de 1970, 1980 e 1990.

Dino de Izidoro

Sanfoneiro de "pé de bode", participou de celebrações, especialmente dos festejos de Nossa Senhora da Conceição.

Iniciou a trajetória na década de 1970, permanecendo ativo também na década seguinte.

José de Sousa Neri — "Zeca Preto" (1942–2025)

Nascido na fazenda Curralinho, na região do Riachão, tocou na companhia dos irmãos João Pequeno e Zé de Gregório.

Atuou nos anos 1970, 1980, 1990 e também nos anos 2000. Faleceu em junho de 2025, deixando reconhecido legado musical.

Jordelino

Nome lendário da sanfona em Formosa do Rio Preto, atuou entre as décadas de 1970 e 2000.

Tocou em grandes festas e vaquejadas e foi responsável por conduzir esmolas do Sagrado Coração de Jesus e do Divino Espírito Santo, tradições fortes no município.

Casado com Flozinha, teve 12 filhos, muitos deles músicos, como Genir, Tim de Jordelino, Cal do Acordeon e Dute do Acordeon. Seus netos — entre eles Marcelo, Felipe e Rafinha Pagodeiro — também seguem na música, assim como bisnetos, mantendo vivo e em expansão o legado familiar.

Nego de Viana

Reconhecido pela versatilidade e agilidade na criação de versos, Nego de Viana atuou entre as décadas de 1960 e 1980, marcando gerações com seu talento improvisador.

Era capaz de compor com naturalidade e rapidez, como no exemplo:

"Divera de meu tio Santo muito obrigado eu te dou, o senhor leva esse bilhete e entrega Amália de Fulor."

Tocou em diversas localidades, entre elas Ouro, Riachão, Cavalo Morto, Cajú, São Marcelo, Mato Grosso e Gerais do Rio Preto, deixando sua marca na tradição musical regional.

Outros sanfoneiros que marcaram época

Eloi (da Intans) • Valdomiro (do Barreiro) • Nego de Milso (da Intans) • Jozão das TábuasAntônio de Matias (Sucruiu de Dentro) • Herculano de Matias (Sucruiu de Dentro) • Augustinho da MalhadinhaSanto de VianaErmito de Mauricinho (Malhadinha) • Martinho Sanfoneiro (das Pedras)

Se você, leitor, tiver fotos, gravações ou memórias desses músicos, envie ao acervo da Revista Formosa: ajudará a completar e ilustrar esse dossiê sobre os mestres da sanfona.

A História em Transformação

Durante décadas, o som da sanfona era acompanhado por instrumentos simples, como gongó, triângulo, pandeiro e reco-reco, que davam o ritmo das festas, casamentos e celebrações religiosas em Formosa do Rio Preto.

Com o avanço dos tempos, novas sonoridades foram incorporadas, incluindo a zabumba, e, posteriormente, teclados e amplificadores, transformando a formação tradicional e dando espaço ao formato de banda.

Apesar dessas mudanças, a base construída pelos sanfoneiros antigos permanece como fundamento vivo da cultura local.

Seus acordes ainda ecoam na memória coletiva e servem de inspiração para os músicos atuais.

Na segunda parte desta série, serão apresentados os sanfoneiros contemporâneos, que mantêm o legado em movimento e seguem escrevendo novos capítulos dessa história.

@revista.formosa

ECOS DO ACORDEON — PARTE 1 SANFONEIROS QUE FIZERAM HISTÓRIA EM FORMOSA DO RIO PRETO/BA A sanfona marcou gerações em Formosa do Rio Preto, embalando bailes, casamentos, festas religiosas e vaquejadas. Neste primeiro capítulo, reunimos músicos que ajudaram a construir a identidade musical do município entre as décadas de 1940 e 2000. Entre os destaques estão Chiquinho, pioneiro da sanfona local; Roseno Dias, lembrado como um dos maiores tocadores da região; Pedro de Roseno, referência pela técnica; e Alcindo da Silva Nogueira, que formou uma família musical. Jordelino também se destaca por sua presença em grandes festas e tradições religiosas, deixando um legado que segue vivo por meio de filhos, netos e bisnetos músicos. Outros nomes importantes são Zeca Preto, Nego de Viana, Canário e Zé de Canário, Olavo Sanfoneiro, João de Visita, entre tantos que marcaram época. Matéria Completa: https://www.revistaformosa.com/l/ecos-do-acordeon-sanfoneiros-que-fizeram-historia-em-formosa/

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