Cidades da Bahia no Matopiba estão entre as que mais desmataram o Cerrado no primeiro semestre de 2023

20/07/2023

O Estado da Bahia conta com o maior número de municípios entre os dez que mais desmataram na região do Cerrado: cinco  

Foto: Divulgação IPAM
Foto: Divulgação IPAM

Por Revista Formosa

Estudo divulgado nesta quarta-feira (19) pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) revelou que o desmatamento na região do Cerrado brasileiro aumentou 28% no primeiro semestre de 2023 na comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados do Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado mostram que o desmatamento no Cerrado atingiu 491 mil hectares neste ano, e cidades da Bahia na região do Matopiba estão entre as principais responsáveis pelo aumento.

De acordo com o IPAM, a fronteira agrícola localizada nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia responderam por 74,7% de todo o desmatamento no bioma, ou cerca de 367 mil hectares. O município de São Desidério, no oeste da Bahia, liderou o ranking de desmatamento no Cerrado durante o primeiro semestre de 2023, com 23,9 mil hectares de área desmatada.

A segunda colocada no ranking do IPAM é a cidade de Balsas, no Maranhão, com 15 mil hectares desmatados, e em terceiro lugar aparece o município de Correntina, na Bahia, responsável por um desmatamento do Cerrado de 12,6 mil hectares. Juntos, os três municípios totalizaram 51,5 mil hectares desmatados durante o primeiro semestre do ano.

O Estado da Bahia conta com o maior número de municípios entre os dez que mais desmataram na região do Cerrado: cinco. Além de São Desidério e Corretina, aparecem na lista dos dez maiores as cidades de Jaborandi (8 mil hectares), Cocos (7,6 mil) e Barreiras (7,6 mil).

Apesar de ter mais cidades entre as que mais desmataram, no ranking dos estados, a Bahia está em terceiro lugar em volume de área desmatado, com 87,1 mil hectares desmatados. À frente da Bahia estão o Maranhão (116,6 mil hectares) e o Tocantins (113,5 mil).

De acordo com os dados do Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado, o desmatamento no bioma tem sido caracterizado por grandes áreas desmatadas dentro de propriedades privadas. As grandes propriedades concentraram 48% (ou 193 mil hectares) do desmatamento ocorrido dentro de áreas privadas nesse primeiro semestre de 2023, seguido por propriedades médias (33%, por volta de 133 mil hectares) e pequenas (19%, 76 mil hectares).

O perfil de desmatamento também foi marcado pelas grandes áreas desmatadas dentro de poucas propriedades. Em São Desidério, na Bahia, por exemplo, apenas 30 propriedades foram responsáveis pelo desmatamento de 18,2 mil hectares - cerca de 76% de tudo que foi desmatado pelo município no semestre.

Segundo afirmou a pesquisadora do IPMAM, Tarsila Andrade, o volume de desmatamento, ainda no início da seca, tem sido alarmante. Os dados do Sistema de Alerta no primeiro semestre de 2023 confirmam o aumento acelerado do desmatamento, e com a chegada do período seco no Cerrado, é real a possibilidade de os números serem ainda maiores nos próximos meses.

"Durante o período da seca, a expansão agropecuária tende a aumentar devido às condições climáticas propícias para as atividades agrícolas. No entanto, os índices de desmatamento no Cerrado estão alcançando níveis recordes já nos primeiros meses da estação seca deste ano. Esse aumento evidencia a intensidade e velocidade do processo de destruição do bioma", destacou Tarsila.