Bradesco fecha agências e demite, em média, 12 funcionários por dia

09/08/2025

Ato nacional contra demissões será realizado na próxima semana

Por Revista Formosa

Com o foco cada vez maior na digitalização dos serviços, bancos intensificam o fechamento de agências em todo o Brasil. Mais de 130 unidades encerraram as atividades na Bahia nos últimos cinco anos, obrigando clientes a percorrer trajetos de até 50 quilômetros para sacar dinheiro. 

Mas o impacto é ainda maior. Apenas uma empresa, o Bradesco, demitiu quase 12 funcionários por dia no país.

É o que aponta um levantamento realizado por 11 entidades sindicais distribuídas em estados brasileiros. Foram 2.466 demissões entre janeiro e julho deste ano - uma média de 11,74 demissões por dia. 

Dados da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe apontam que 176 funcionários foram demitidos nos dois estados durante o período. A categoria planeja um ato nacional contra as demissões na próxima terça-feira (12).

"Os dados foram colhidos recentemente e apresentados em uma reunião no dia 24 de julho. Iremos fazer, na próxima terça-feira (12), um dia de luta em protesto aos fechamentos de agências e demissões", afirma Ronaldo Ornelas, diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia. 

Será mais uma leva de manifestações frente ao fechamento de bancos no estado. A reportagem questionou o Bradesco sobre o número de funcionários demitidos, mas não obteve retorno até esta publicação.

No dia 8 de julho, um protesto foi realizado em frente à agência do Itaú no bairro do Imbuí, em Salvador, depois que foi anunciado o fechamento de três agências do banco na capital. 

Quando anunciam o fechamento de agências, as empresas afirmam aos funcionários que eles serão realocados para outras unidades. Mas o acúmulo de trabalhadores em poucos postos contribui para a onda de demissões.

Ronaldo Ornelas explica que as agências são fechadas com a justificativa de redução do número de serviços bancários realizados de forma presencial. De fato, dados mais recentes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) revelam que, em 2023, sete a cada 10 transações bancárias foram feitas via celular no país. 

No ano passado, o Pix foi o meio de pagamento mais utilizado por brasileiros - foram 63,8 bilhões de transações só em 2024.

Porém, determinações judiciais já tentam coibir o fechamento de unidades em outros estados, tendo em vista as pessoas que dependem do serviço bancário presencial. Os idosos e moradores de cidades longe dos grandes centros são, na visão de Ornelas, os mais prejudicados pela priorização dos serviços digitais.

O Tribunal de Justiça do Maranhão, por exemplo, determinou a suspensão do processo de encerramento de atividades do Bradesco em 16 municípios do estado, em abril. 

A determinação atendeu a um pedido do Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) daquele estado. A entidade na Bahia foi procurada pelo Sindicato dos Bancários do estado, que almeja medidas como esta.

Entre 2020 e maio deste ano, 134 agências bancárias foram fechadas no estado, segundo levantamento da entidade feito com informações do Banco Central. É como se uma agência fosse fechada na Bahia a cada 15 dias. 

"Uma boa parte da população não tem condições de realizar operações bancárias em dispositivos eletrônicos. Se uma pessoa é analfabeta, por exemplo, como vai ler um termo em inglês em um aplicativo no celular?", questiona Ronaldo Ornelas.

Segundo ele, problemas de conexão de internet dificultam o uso de celulares principalmente no interior. Assim como aconteceu em Salvador em julho, funcionários e moradores de outras cidades baianas têm realizado protestos contra o fim das atividades das agências. 

Em alguns casos, as unidades fechadas são as únicas dos municípios. Quase metade (47,72%) das cidades do estado não possui sequer um banco.

Fonte:Correio da Bahia

Siga a Revista Formosa no Instagram. Nosso canal no WhatsApp e esteja sempre atualizado! Receba as últimas notícias da Revista Formosa no Google News.