Bahia tem o menor índice de solução de homicídios do Brasil, aponta levantamento nacional

07/10/2025

Por Revista Formosa

A Bahia ocupa o último lugar no ranking de elucidação de homicídios no país, com apenas 13% dos casos solucionados, segundo dados do estudo "Onde Mora a Impunidade?", divulgado pelo Instituto Sou da Paz.

O levantamento mostra que, em 2023, o estado registrou 4.461 assassinatos, dos quais somente 572 tiveram autoria identificada, o que representa 11% solucionados naquele ano e outros 2% esclarecidos até o fim de 2024

Assim, 87% das vítimas de homicídio seguem sem resposta das autoridades.

O cenário baiano reflete um problema estrutural de segurança pública. 

A presença de facções criminosas como o PCC, o Comando Vermelho (CV) e grupos locais, a exemplo do Bonde do Maluco (BDM), tem alimentado conflitos e ampliado a complexidade das investigações. 

Municípios como Salvador e Camaçari estão entre os que mais registram tiroteios, conforme dados do Instituto Fogo Cruzado.

Desde 2015, a taxa nacional de elucidação de homicídios se mantém em torno de 35%, sem avanços significativos. 

Para a pesquisadora Carolina Ricardo, entrevistada pela Folha de S.Paulo, o índice revela "a baixa prioridade que o Estado brasileiro confere ao esclarecimento de homicídios".

A ineficiência também é perceptível no sistema prisional. Informações do SISDEPEN indicam que apenas 13% dos 670 mil presos no país cumprem pena por homicídio. 

A maioria das prisões está relacionada a crimes contra o patrimônio (40%) e ao tráfico de drogas (31%).

Enquanto a Bahia amarga a lanterna, outras unidades da federação apresentam bons resultados: o Distrito Federal lidera com 96% de resolução, seguido de Rondônia, com 92%

A média de elucidação nas Américas é de 44%, índice que o Brasil não consegue alcançar há anos.

De acordo com o Atlas da Violência 2025, a Bahia também é o estado com o maior número absoluto de homicídios desde 2020. 

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública reforça o alerta: cinco das dez cidades mais violentas do país estão em território baiano.

O Instituto Sou da Paz ainda aponta falhas na padronização dos registros e a escassez de dados sobre o perfil das vítimas, o que compromete as investigações. 

Nos estados com informações mais completas, as vítimas mulheres têm maior probabilidade de terem seus casos resolvidos (16%) do que os homens (84%). 

Já os jovens entre 18 e 29 anos concentram a maioria dos homicídios esclarecidos.

Especialistas alertam que a baixa resolutividade dos crimes contra a vida é um dos principais motores da impunidade e favorece o avanço da violência e do crime organizado.

Siga a Revista Formosa no Instagram. Nosso canal no WhatsApp e esteja sempre atualizado! Receba as últimas notícias da Revista Formosa no Google News.

Painel Cinematográfico de GIFs