Bahia tem o menor índice de solução de homicídios do Brasil, aponta levantamento nacional

Por Revista Formosa
A Bahia ocupa o último lugar no ranking de elucidação de homicídios no país, com apenas 13% dos casos solucionados, segundo dados do estudo "Onde Mora a Impunidade?", divulgado pelo Instituto Sou da Paz.
O levantamento mostra que, em 2023, o estado registrou 4.461 assassinatos, dos quais somente 572 tiveram autoria identificada, o que representa 11% solucionados naquele ano e outros 2% esclarecidos até o fim de 2024.
Assim, 87% das vítimas de homicídio seguem sem resposta das autoridades.
O cenário baiano reflete um problema estrutural de segurança pública.
A presença de facções criminosas como o PCC, o Comando Vermelho (CV) e grupos locais, a exemplo do Bonde do Maluco (BDM), tem alimentado conflitos e ampliado a complexidade das investigações.
Municípios como Salvador e Camaçari estão entre os que mais registram tiroteios, conforme dados do Instituto Fogo Cruzado.
Desde 2015, a taxa nacional de elucidação de homicídios se mantém em torno de 35%, sem avanços significativos.
Para a pesquisadora Carolina Ricardo, entrevistada pela Folha de S.Paulo, o índice revela "a baixa prioridade que o Estado brasileiro confere ao esclarecimento de homicídios".
A ineficiência também é perceptível no sistema prisional. Informações do SISDEPEN indicam que apenas 13% dos 670 mil presos no país cumprem pena por homicídio.
A maioria das prisões está relacionada a crimes contra o patrimônio (40%) e ao tráfico de drogas (31%).
Enquanto a Bahia amarga a lanterna, outras unidades da federação apresentam bons resultados: o Distrito Federal lidera com 96% de resolução, seguido de Rondônia, com 92%.
A média de elucidação nas Américas é de 44%, índice que o Brasil não consegue alcançar há anos.
De acordo com o Atlas da Violência 2025, a Bahia também é o estado com o maior número absoluto de homicídios desde 2020.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública reforça o alerta: cinco das dez cidades mais violentas do país estão em território baiano.
O Instituto Sou da Paz ainda aponta falhas na padronização dos registros e a escassez de dados sobre o perfil das vítimas, o que compromete as investigações.
Nos estados com informações mais completas, as vítimas mulheres têm maior probabilidade de terem seus casos resolvidos (16%) do que os homens (84%).
Já os jovens entre 18 e 29 anos concentram a maioria dos homicídios esclarecidos.
Especialistas alertam que a baixa resolutividade dos crimes contra a vida é um dos principais motores da impunidade e favorece o avanço da violência e do crime organizado.
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