Alpinista revela a regra secreta do Everest: deixar os mortos para trás

25/06/2025

Com várias mortes registradas desde o início das escaladas documentadas, a montanha guarda, congelados, cerca de 200 corpos

Bonita Norris. Créditos: Instagram
Bonita Norris. Créditos: Instagram

Por Revista Formosa

A imponente silhueta do Monte Everest, com seus 8.849 metros de altitude, ainda atrai aventureiros de todo o mundo — e impõe o mais alto preço. Com várias mortes registradas desde o início das escaladas documentadas, a montanha guarda, congelados, cerca de 200 corpos

Muitos deles permanecem no caminho até o cume, visíveis a cada nova expedição. Mas poucos sabem que, entre os alpinistas, existe uma regra silenciosa e perturbadora: na "zona da morte", os corpos ficam onde caem.

Esse código não escrito é uma das lições mais impactantes que Bonita Norris, recordista britânica de alpinismo, aprendeu em sua jornada até o topo do mundo.

Um pacto silencioso entre a vida e a morte

"Já vi de perto, em várias montanhas, pessoas que perderam a vida. Na zona da morte, recuperar um corpo é quase impossível", relata Norris, que chegou ao topo do Everest em 2010, aos 22 anos. 

Segundo ela, há um entendimento implícito entre os montanhistas de que tentar resgatar um corpo nessas condições pode representar risco fatal para outras vidas.

A "zona da morte" começa aos 8.000 metros, onde a escassez de oxigênio reduz drasticamente a capacidade física e cognitiva dos alpinistas. Jeremy Windsor, médico e escalador, compara a sensação a respirar com apenas 25% do oxigênio disponível ao nível do mar. 

Nesse cenário, cada passo se torna uma batalha, e até funções básicas como comer ou pensar claramente são comprometidas.

O Everest como alerta — não como troféu

Bonita Norris, que iniciou no alpinismo aos 20 anos e se tornou a mulher britânica mais jovem a conquistar o Everest até então, ressalta que a montanha ensina, acima de tudo, humildade.

"Cada dia na montanha é uma questão de vida ou morte. Ver esses cenários nos faz repensar nossas prioridades. O mais importante não é chegar ao topo, mas voltar em segurança para a família", afirma.

Sua jornada começou após assistir a uma palestra sobre o Everest. O relato da vista da curvatura da Terra a partir do cume foi suficiente para mudar sua vida. 

Dois anos depois, após treinos em montanhas modestas como o Snowdon, no País de Gales, ela realizava o sonho — mesmo que a curvatura da Terra estivesse escondida pelas nuvens.

O espírito da aventura pode começar no quintal

Hoje, aos 37 anos e mãe de dois filhos, Norris é uma das vozes da campanha "Aventuras Cotidianas", lançada pela montadora Dacia. 

A pesquisa da marca mostra que o desejo de se aventurar diminui com o tempo, especialmente após os 36 anos — e, entre os jovens da Geração Z, esse declínio começa já aos 13.

Para ela, a solução está na simplicidade. "Comecem pequenos", aconselha. No site da campanha, há sugestões gratuitas e acessíveis: desde observar as estrelas até construir uma cabana no jardim. "A aventura não precisa ser grandiosa", reforça.

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