Alexandre de Moraes procurou Galípolo para tratar de situação do Banco Master, afirma Malu Gaspar

Por Revista Formosa
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes teria feito contatos diretos com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, para tratar da situação do Banco Master, segundo apuração da jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo.
De acordo com a reportagem, Moraes procurou Galípolo ao menos quatro vezes, sendo três por telefone e uma em encontro presencial, para acompanhar o andamento da tentativa de venda do banco ao BRB.
Fontes ouvidas pelo blog relataram que, nas conversas, o ministro buscou informações sobre a operação anunciada em março e ainda pendente de autorização do Banco Central.
Em julho, Moraes teria solicitado uma reunião presencial, ocasião em que afirmou ter simpatia pelo controlador do banco, Daniel Vorcaro, e repetiu o argumento de que a instituição estaria sendo alvo de resistência por disputar espaço com grandes bancos.
Ainda segundo os relatos, Moraes pediu que o Banco Central aprovasse a negociação com o BRB, num contexto em que já havia divergências internas na autarquia sobre a possibilidade de intervenção no Banco Master.
Galípolo, por sua vez, teria informado ao ministro que técnicos do BC haviam identificado fraudes no repasse de R$ 12,2 bilhões em créditos ao BRB. Diante disso, Moraes teria reconhecido que, caso as irregularidades fossem confirmadas, a operação não poderia ser autorizada.
Em 18 de novembro, no mesmo dia em que a Polícia Federal prendeu Vorcaro e outros seis executivos suspeitos de envolvimento nas fraudes, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master.
Procurados, Alexandre de Moraes e Gabriel Galípolo não se manifestaram.
A reportagem de Malu Gaspar também informa que o escritório de advocacia da esposa do ministro, Viviane Barci de Moraes, mantinha contrato com o Banco Master prevendo honorários mensais de R$ 3,6 milhões por três anos, a partir de janeiro de 2024.
O contrato previa a atuação do escritório junto ao Banco Central, à Receita Federal, ao Cade e ao Congresso Nacional.
No entanto, dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação indicam que nem o Banco Central nem o Cade registraram pedidos de reuniões ou apresentação de documentos do escritório em favor do banco.
Nos bastidores, técnicos do Banco Central relataram temor de intimidação e afirmaram nunca ter enfrentado tanta pressão política em defesa de uma única instituição financeira.
Em entrevista coletiva de fim de ano, Galípolo declarou estar à disposição do Supremo para prestar esclarecimentos e ressaltou que todas as reuniões, comunicações e decisões relacionadas ao caso foram formalmente registradas.
Segundo interlocutores do governo e do mercado, Galípolo reconheceu ter sofrido pressão, mas afirmou ter contado com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para manter a investigação.
Na sexta-feira (19), o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Jhonatan de Jesus, determinou que o Banco Central envie esclarecimentos sobre o processo de liquidação do Banco Master, medida que gerou questionamentos por envolver uma operação entre instituições privadas do sistema financeiro.

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