Agricultor que denunciou esquema de grilagem na Operação Faroeste é assassinado em Barreiras, BA

15/06/2021

Crime aconteceu na noite de sexta-feira (11). Em 2020, vítima denunciou à polícia que suas terras estavam sendo invadidas por pessoas ligadas às organizações criminosas investigada pela Operação Faroeste.

Paulo Antônio Ribas Grendene foi morto após denunciar esquema de grilagem investigado pela Operação Faroeste
Paulo Antônio Ribas Grendene foi morto após denunciar esquema de grilagem investigado pela Operação Faroeste

Um agricultor de 61 anos foi assassinado a tiros no bairro Bandeirantes, em Barreiras, no Oeste da Bahia, na noite da última sexta-feira (11).

Em 2020, Paulo Antônio Ribas Grendene denunciou à polícia que suas terras estavam sendo invadidas por pessoas ligadas às organizações criminosas investigada pela Operação Faroeste - que apura a venda de decisões judiciais para legalização de terras no estado.

A polícia investiga o crime e, até última atualização desta reportagem, ninguém havia sido preso.

O crime

O agricultor passava de carro pelo local quando foi interceptado por dois homens armados e encapuzados. A dupla disparou várias vezes contra a vítima, que morreu na hora.

Os suspeitos fugiram e a delegacia da cidade tenta localizá-los através das imagens das câmeras de segurança da rua.

Paulo Antônio Ribas Grendene foi morto após denunciar esquema de grilagem investigado pela Operação Faroeste.

Denúncia sobre invasões

Uma associação de produtores rurais, da qual Grendene fazia parte, emitiu uma nota sobre o caso.

No documento, a associação informou que, no fim do ano passado, a vítima denunciou à polícia que suas terras estavam sendo invadidas por pessoas ligadas às organizações criminosas investigada pela Operação Faroeste.

A polícia ainda não detalhou se o assassinato do agricultor tem ligação com a operação. Grendene era paranaense e morava na Bahia há 30 anos.

O corpo dele foi levado para a cidade de Nova Londrina (PR), onde ele nasceu, e foi sepultado no domingo (13).

Operação Faroeste

A operação começou no final de 2019.

  • 19 de novembro - a primeira fase da Operação Faroeste teve a prisão de quatro advogados, o cumprimento de 40 mandados de busca e apreensão e o afastamento dos seis magistrados;
  • 20 de novembro - a Corregedoria Nacional de Justiça (CNJ) instaurou procedimento contra os magistrados do TJ-BA.
  • 23 de novembro - a Polícia Federal prendeu o juiz Sérgio Humberto de Quadros Sampaio, da 5ª vara de Substituições da Comarca de Salvador, em mais um desdobramento da Operação Faroeste;
  • 29 de novembro - a desembargadora Maria do Socorro Barreto Santiago, ex-presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), foi presa. Segundo a Procuradoria Geral da República (PGR), ela estaria destruindo provas e descumprindo a ordem de não manter contato com funcionários. Indícios sobre isso foram reunidos pela PF e pelo Ministério Público Federal (MPF);
  • 19 de dezembro - na última fase, que foi batizada de Estrelas de Nêutrons, quatro mandados de busca e apreensão foram expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), com o objetivo de obter provas complementares da possível lavagem de ativos. Os alvos foram um joalheiro e e um advogado.

Ao longo das fases anteriores da operação foram presos:

  • Maria do Socorro Barreto Santiago (desembargadora);
  • Sérgio Humberto Sampaio (juiz de primeira instância);
  • Adailton Maturino dos Santos (advogado que se apresenta como cônsul da Guiné-Bissau no Brasil);
  • Geciane Souza Maturino dos Santos (advogada e esposa de Adailton Maturino dos Santos);
  • Antônio Roque do Nascimento Neves (advogado);
  • Márcio Duarte Miranda (advogado e genro da desembargadora Maria do Socorro Barreto Santiago).
Fonte: G1