A dura travessia dos geraizeiros e ribeirinhos que marcou gerações em Formosa do Rio Preto

10/12/2025
01 - Cachorra (saco); 02 - Mariano França; 03 - Cantidio Ferreira
01 - Cachorra (saco); 02 - Mariano França; 03 - Cantidio Ferreira

Por Revista Formosa

Por Mariano França, com colaboração da editoria da Revista Formosa

O colunista da Revista Formosa, Mariano França, resgata nesta edição a realidade vivida pelos geraizeiros e ribeirinhos de Formosa do Rio Preto, oeste da Bahia, até poucas décadas atrás.

Para muitos moradores dos Gerais do Rio ao chegar à sede para fazer compras, buscar mantimentos ou realizar consultas médicas exigia uma jornada longa, cansativa e repleta de desafios.

A comunidade mais distante da sede era Brejão, localizada a cerca de 240 km, 20 km acima da Aldeia do Gerais. Para completar o percurso, famílias inteiras levavam até sete dias de caminhada.

Depois de permanecer na cidade por cerca de três dias, retornavam ao ponto de partida, iniciando novamente o esforço da longa viagem.

Pontos de apoio: redes de acolhimento pelo interior

Sem estradas adequadas ou transporte disponível, esses viajantes dependiam da hospitalidade de moradores espalhados pelo interior de Formosa do Rio Preto. 

Esses pontos de apoio garantiam descanso, alimentação e abrigo:

Em São Marcelo: casas de Antônia, Alípio, Veríssimo, Paula Chaga, Zé Grande e Valdemar.
Em Buritizinho: casa de Hélio de Amelinha.
Em Mato Grosso: casas de Vitorino, Ondina, Arando e Zenilda, Adelcio, Gelson, João e Antônia.
Em Riacho Escuro: casas de Nego de Viana, Rucha e Tercina.
Na Fazenda Vau: casas de Maurício, Gringo e Aldimira.
Na Vereda do Meio: Nelson e Nego Dé.
Em Pimenta: casa de Quirino.

Essas paradas, davam suporte aos que cruzavam os Gerais carregando mantimentos, utensílios e até crianças pequenas.

Uma caminhada de fé revive o passado

Convidado por um grupo que cumpria uma promessa religiosa, Mariano França decidiu acompanhar a caminhada entre a sede de Formosa do Rio Preto, na BR-135, e São Marcelo — 42 km de percurso.

A saída ocorreu às 1h da manhã de domingo (07), com chegada por volta das 13h, totalizando 12 horas de caminhada.

"Cheguei exausto", comentou Mariano, ao relembrar que essa rotina fez parte de sua vida:
"Fiz essas viagens por várias vezes, junto com meus pais e meus irmãos mais velhos."

Ele recordou também o esforço das mulheres do interior:

"Minha mãe carregava meus irmãos mais novos nos braços e, na cabeça, uma trouxa de compras. E tantas outras mães fizeram o mesmo."

Décadas de resistência e fé

01 - Frango frito; 02 - Cachorra (saco); 03 - Frango Frito na farinha
01 - Frango frito; 02 - Cachorra (saco); 03 - Frango Frito na farinha

Essas jornadas aconteceram, segundo Mariano, desde 1932 até o fim dos anos 1990.
Para ele, trata-se da história de um povo que venceu pela resistência, força e perseverança.

Entre os detalhes curiosos, o colunista destacou a cachorra — um saco de sisal com as pontas amarradas e carregado nas costas, usado para transportar alimentos, utensílios e a feira do mês.

Mariano gravou um vídeo demonstrando como o objeto era confeccionado.

Além disso, ele reuniu fotos de moradores que, por décadas, fizeram a travessia dos Gerais até a sede do município.

Memória preservada

Um vídeo da caminhada recente, registrando a saída da sede até São Marcelo, também foi disponibilizado. 

O material reforça a importância de valorizar e preservar a memória de um tempo em que fé, coragem e solidariedade eram fundamentais para o povo formosense.

A reportagem transforma as lembranças de Mariano França em um registro cultural valioso, que honra a história de gerações que construíram Formosa do Rio Preto enfrentando distâncias, dificuldades e desafios com determinação.

@revista.formosa

A dura travessia dos geraizeiros e ribeirinhos que marcou gerações em Formosa do Rio Preto (BA) O colunista da Revista Formosa, Mariano França, resgata nesta edição a realidade vivida pelos geraizeiros e ribeirinhos de Formosa do Rio Preto, oeste da Bahia, até poucas décadas atrás. Para muitos moradores dos Gerais do Rio ao chegar à sede para fazer compras, buscar mantimentos ou realizar consultas médicas exigia uma jornada longa, cansativa e repleta de desafios. A comunidade mais distante da sede era Brejão, localizada a cerca de 240 km, 20 km acima da Aldeia do Gerais. Para completar o percurso, famílias inteiras levavam até sete dias de caminhada. Matéria Completa: https://www.revistaformosa.com/l/a-dura-travessia-dos-geraizeiros-e-ribeirinhos-que-marcou-geracoes-em-formosa/ Depois de permanecer na cidade por cerca de três dias, retornavam ao ponto de partida, iniciando novamente o esforço da longa viagem.

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