Ramos critica Fachin e questiona isenção de processos no TSE

24/02/2022

Por Revista Formosa

O ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria Geral da Presidência) criticou nesta quarta-feira (23) declarações do ministro do STF, Edson Fachin. Sem citar o nome do magistrado, Ramos chamou de "leviana" e "irresponsável" declaração de Fachin sobre a Rússia durante viagem da comitiva brasileira ao país. Também colocou em dúvida a isenção de processos no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Na terça-feira (15), Fachin mencionou a Rússia como um exemplo de origem de ataques às urnas. Na data, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Ramos ainda estavam em viagem.

"Na vigem fomos surpreendidos por notícias vindas do Brasil que uma alta autoridade de uma instituição de Estado afirmou de maneira leviana -e por que não dizer de certa forma irresponsável talvez sem ter consciência do que ele estava dizendo- que nós estávamos na Rússia, liderados pelo presidente, para levantar processos, alguma artimanha para os russos nos ensinarem e no retorno nós usarmos no Brasil [...] É inaceitável", disse Ramos.

Segundo Ramos, tomou uma "decisão de cunho pessoal" de responder às declarações relacionadas a Bolsonaro. "Eu como seu ministro, presidente, me senti na obrigação, alguém tinha que falar a verdade, isso não aconteceu. O senhor é um democrata, uma pessoa que respeita nossa Constituição."

Fachin tomou posse como presidente do TSE na 3ª feira (23.fev). Ele assumiu o lugar de Luís Roberto Barroso. Ramos fez referência a fala de Barroso na última sessão presidida por ele, na semana passada. No discurso, o magistrado afirmou que o voto impresso, defendido por Bolsonaro, traria "retrocesso" e condenou ataques ao sistema eleitoral.

"Por coincidência, tivemos a passagem de um cargo de um órgão do Estado brasileiro, estávamos ainda na Rússia, e essa autoridade -a gente prevê que tem uma conduta serena, pacificadora- utilizou do seu discurso de mais de 45 minutos para de uma forma insidiosa, uma forma meio camuflada para atacar o senhor [Bolsonaro], sem a consistência e com objetivo inconfessáveis", disse.

Em seguida, Ramos, de forma indireta, também colocou em dúvida a isenção e imparcialidade de processos futuros no TSE, que passou pela recente troca de gestão.

"Quando autoridades investidas de um Poder desse começam a falar e se expressar com esse tipo de pronunciamento, me dá o direito de levantar dúvidas com relação à isenção e imparcialidade em futuros processos, porque são criticas muito duras e pessoais a esse homem[Bolsonaro]", disse.

Apesar da fala, Ramos negou estar criticando terceiros. "Eu não queria deixar de registar. Eu me incomodei, presidente. Foram dois eventos críticos a sua pessoa e ao seu governo e vi que ficou meio no silêncio. Não estou ofendendo e nem agredindo ninguém, estou pedindo que pessoas tenham responsabilidade no seu cargo", disse. Poder 360