Bahia registrou segundo maior índice de homicídios cometidos contra crianças e adolescentes, diz Rede de Observatórios
Por Revista Formosa
A Bahia tem o 2º maior índice de homicídios cometidos contra crianças e adolescentes entre os estados monitorados pela Rede de Observatórios da Segurança nos últimos dois anos, com um total de 114 crimes. Além da Bahia, o projeto também monitora dados nos estados do Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.
Também há números preocupantes no que diz respeito à violência sexual e estupro, com 88 somente na Bahia. Nos cinco estados, a Rede monitorou 1473 eventos de violência contra crianças e adolescente em dois anos. Os crimes são diversos: além de homicídio, violência sexual e estupro, os dados apontam que crianças e adolescentes do país sofrem com abandono, ferimento por arma de fogo e agressão física, por exemplo.
A maior parte dos crimes é cometido por familiares e praticado em lugares que deveriam ser de acolhimento e segurança. Um quadro agravado durante a pandemia. No total, quando olhamos os cinco estados, houve um aumento de 10,3% de registros de violência contra criança e adolescente nos primeiros cinco meses deste ano.
Pesquisadora da Rede de Observatórios da Segurança na Bahia e da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas, Luciene Santana explica que a metodologia para o levantamento dos casos na Bahia basicamente passa pelo acompanhamento de casos divulgados pela imprensa.
""A Rede levanta dados de blogs, sites e veículos de comunicação em geral. Chama atenção que a Bahia tem o maior número de casos de violência sexual entre os estados nordestinos pesquisados. Temos o ECA, programas de proteção às vidas infantis e mesmo assim os números de violência seguem crescendo. O relatório quer pautar a criação de medidas de proteção e preservação das vidas dessas crianças", explicou a pesquisadora.
No monitoramento da Rede, foi observado, nos estados do Nordeste analisados (PE, BA e CE), 172 casos cometidos por pai, mãe, padrasto e/ou madrasta e outros familiares dessas vítimas. Houve, ainda, 31 casos realizados por agentes do Estado (força policial), 78 por conhecidos e outros 151 casos em que desconhece a autoria.
Pelos menos dois casos de violência contra crianças e adolescentes ganharam notoriedade somente em Salvador nos últimos dois anos. No dia 24 de junho de 2020, o garoto Micael Menezes, 12 anos, saiu para empinar arraia no Vale das Pedrinhas antes de partir para comer um cachorro quente e voltar para casa. Antes de conseguir chegar ao seu lar, foi atingido por tiros e morreu.
No mesmo bairro, já em março de 2021, Ryan Andrew Pereira Tourinho Nascimento, de 9 anos, foi morto durante uma operação policial - assim como foi no caso de Micael. Em ambos os casos, as famílias acusam a polícia de atirar nos garotos. No caso de Micael, a PM alega que encontrou o menino caído após confronto com homens armados. A família nega e diz que a morte dele aconteceu tentando se proteger dos militares, que chegaram atirando. (Correio da Bahia)